quinta-feira, 17 de março de 2011

Questão de descostume

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão. 
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter sequer uma planta por perto. A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se a semana não passa, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.  

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ansiedade e piração...

A ansiedade na espera de algo é angustiante. Esperar já é uma dor que não acaba, e ansiar por qualquer coisa pode ser trágico, numa escala maior, ou cômico, visto por outro ângulo. Criam-se inúmeras maneiras para burlar a danada, e o pior é que acreditamos que está dando certo.

Como, por exemplo, calmantes para dormir logo, chocolates para acalmar (no caso, o calmante faz o mesmo efeito, certo?), contar números para o tempo passar mais rápido, gastar uma fortuna em livros para ver se lendo-os, aí sim o tempo vai embora...Ou inclusive escrever sobre a mesma, pra ver se o tempo corre DE VERDADE.

Mas você percebe que nada parece dar certo e o que conseguiu foi gastar apenas alguns minutos. Nem jogar The Sims está funcionando e quando vê ainda falta tanto...

Seu estágio de ansiedade piora quando assina um contrato de seis meses para jogar buraco online. O que está havendo, meu Deus? Suas unhas estão horríveis e você almoça no café-da-manhã. Sempre que vê horas iguais (tipo 15:15) você acha que estão querendo alguma coisa contigo e, pior, os calmantes não fazem mais efeito. No seu trabalho não tem nada para fazer, pois as férias já chegaram, e você lê um livro por dia, o que faz com que sua conta bancária fique no negativo total.

Ok, ainda bem que amanhã tem terapia.

Eternizando.

No começo é maravilhoso. Você fica entusiasmada, suspira, é capaz de passar horas com ele e perde o sono fácil, fácil. Entrou na sua vida de um jeito sem igual e você deixa-se levar. É magnífico sonhar, imaginar, pensar que tudo aquilo pode ser real.

O tempo vai passando e o que era apenas fantasia faz parte do seu dia a dia. Vira assunto entre seus amigos e você se tornou uma completa maníaca-obsessiva. Sim, acontece com muita gente. Mas este é especial, parece que não vai terminar nunca, talvez possa ser eterno.

Infelizmente nada dura para sempre. Acabou e você se sente só, sem chão, sem graça nenhuma na vida. E toda aquela história? Como pôde acabar assim, tem que continuar.

O ano continua até que ao passar por uma livraria lá está.
É, lá vem o gostinho do eterno novamente.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Mutualize

Não fosse essa minha mania de ferir as pessoas, tenho certeza de que estaríamos juntos agora. Na verdade, não é bem uma mania, e sim uma forma estranha de gostar, de demonstrar que "ei, tô aqui também, olha pra mim". Eu sei que não é normal. Sei também que foi isso que nos afastou, mas quem diria, apesar de tudo, você ainda pensa em mim. E minha certeza deriva total e completamente de um atributo químico que nos une. Posso sentir meu corpo sendo sugado por uma força estranha e naquele momento...É você. Seu não querer, todo esse disfarce...Perda de tempo, amigão. Ninguém te contou que quando duas almas se encontram é melhor se entregar? A confusão pela qual estás passando é perfeitamente comum. Acontece se a pessoa não for tão madura assim, mas quem sabe cresçamos juntos, ham. Contudo, não moverei uma palha. Não tirararei os pés do chão, pois a cabeça  já se perdeu onde outrora o coração arraigou nas suas maneiras entretidas de me conquistar. Afastar-se é o melhor. Não faz a menor diferença. Sua presença jaz em qualquer parte do meu corpo e a recíproca...Bem, o resto fica por sua conta.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Super Ação

Quantas vezes, você achou que estava superando algo? Quando uma nota baixa é tirada e um amigo lhe diz "calma, você irá superar". O certo não seria melhorar, progredir? Talvez seja coisa da minha cabeça, mas as pessoas costumam aumentar sempre o sentido das coisas. Têm vezes em que eu fico me perguntando o porquê de Deus nos deixar sentir tanta dor interior, agonia, tristeza e, porque quando perguntamos isso, parece nunca recebermos uma resposta. Mas terá vezes em que ele não nos dará uma resposta escrita, ou a ser ouvida. Isso, óbvio, não quer dizer que ele não esteja olhando por nós, ou até mesmo sem o controle de quaisquer situação. 


A nossa alegria sempre supera nossa tristeza, nosso consolo supera nossa dor, nossa fé supera nossa dúvida, nossa esperança supera nosso desespero, nosso entusiasmo supera nosso desânimo, nosso sucesso supera nosso fracasso, nossa coragem supera nosso medo, nossa força supera nossa fraqueza, nossa perseverança supera nossa inconstância, nossa paz supera nossa guerra, nossa luz supera nossa escuridão,
nossa voz supera nosso silêncio, nossa paciência supera nossa impaciência, nosso descanso supera nosso cansaço, nosso conhecimento supera nossa ignorância, nossa sabedoria supera nossa tolice, nossa vitória supera nossa derrota...

Então, com amor a vida, você sempre irá superar tudo! Não desista, não pare, não perca a esperança NUNCA! A nossa vida é como um quebra cabeça e não importa em quantos pedaços seu coração fora partido, o mundo não pára para que você o conserte.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Deus só te dá peso, quando reconhece tua força."

Morte. Quem consegue entendê-la, ou sequer apreciá-lá. Porque ela vêm? Porque nos "tira" pessoas tão queridas? Porque todas não se vão ao seu legítimo final de vida? Quem sabe aos 100 anos? Porque uma criança? São tantos porquês. Pois é, quem diria que o azar não bate só na porta do vizinho. Já possui muita incompreensão sobre o assunto. Já tentei entender, o que sequer tinha explicação. De religião, já passa pra ciência. É o ciclo da vida. No fundo, as duas coisas estão ligadas, mas vivem em richa. Pois é. Enfim...

Outro dia, eu estava indo ao shopping com a minha mãe - suponho, não recordo realmente - e a gente parou no sinal, do lado de um carro, onde a criança estava entre os dois bancos da frente, debruçada sem cinto de segurança. Então, minha mãe abaixou o vidro e disse: "Minha filha faleceu a 3 meses em um acidente de carro, ela estava sem o cinto e foi a única que não sobreviveu. Por favor, se você puder colocar o cinto nessa criança, eu agradeço. E ainda por cima, salvará uma vida". O filho da puta - desculpa o termo - do pai simplesmente agradeceu e saiu do sinal. Sem colocar o cinto, nem nada.

Cara, pelo amor de Deus? Um que um ser desse tem na cabeça? Cadê a compreensão? E longe disso né, cinto é uma OBRIGAÇÃO. Será que ele só vai aprender quando acontecer com ele? E de coração, espero que não aconteça, porque é um mal que não se deve desejar pra ninguém. Mas se as pessoas só aprendem, entendem quando acontecem com elas; então a criança vai ficar sem cinto até falecer? São milhares de perguntas que rodeiam a minha cabeça. Sinceramente, eu não sei nem porque estou escrevendo sobre isso. Pode ser considerado um aviso para utilizar o cinto de segurança, ou quem sabe, um desabafo. Não sei. 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Está aos olhos de quem quer vê. Hipocrisia.

Não sabia muito bem o que escrever hoje - queria um texto mega fudêncio, para inaugurar o blog - mas então, resolvi desabafar com algo que tenho vivenciado. Hipocrisia. À quem não sabe, hipócrita é aquele que nos remete a falsidade, fingimento, o contrário da sinceridade. É dissimular, falsear os sentimentos, a verdade. 
Lendo só essa introdução, mil nomes de conhecidos se passaram pela sua cabeça né? Pois é... Mas em algum momento você parou para pensar o ser tão quanto hipócrita que existe em você? 

Esses dias, eu estava com uma amiga e ela comentou que tinha certo "nojo" de maconheiros. E nós começamos a discutir sobre o assunto. Achei que ela no mínimo não tinha conhecimento sobre o assunto, e estava sendo um tanto hipócrita e preconceituosa. E com todo seu ódio ela soltou "eu quero mais que todos esses maconheiros morram" - fiquei pasma - e tentei explicar que jamais desejaria mal a ninguém, seja quais for sua vontade de experiência. Notei então que em si estava sendo hipócrita. Como assim não desejaria mal a ninguém? E aqueles deputados que nos roubam? Eu queria que eles estivessem bem longe do meu País. As pessoas que fazem mal por seu prazer? Que o mal viesse em dobro. Pois é. Mas naquela conversa, ou você era maconheiro (a), ou então, um ser "normal". 

Quase todo mundo faz isso. Tanto mal que nos rodeia e somos obrigados a pensar "sorriso amarelo vs. rangido dos dentes". Suma da minha vida e vá para o meio do inferno. E depois desse texto, posso até deixar de ser um pouco hipócrita... E quem sabe minha listinha negra anti-ética diminua.